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Os dois lados da Aposentadoria


Você já ouviu alguém falar sobre a aposentadoria como a melhor coisa que aconteceu na sua vida? Mas você também já ouviu alguém dizer que é o fim do mundo, que a pessoa deprime e se sente um inútil. Pois a aposentadoria tem dois lados, ou muito mais do que dois. Aqui vou falar em dois lados da aposentadoria, pois cada pessoa é diferente da outra e o que pode ser bom para alguém, pode não ser para outa pessoa. Então vamos lá:

O lado bom da aposentadoria – curtindo o tempo livre

Pessoas habituadas a terem suas atividades de lazer, a curtir outras atividades além do trabalho, outros amigos, frequentando grupos diferentes, sentem-se mais tranquilos neste momento da aposentadoria.

Aquelas para as quais o trabalho não se constituía como a sua única atividade na vida, envolvidas com outras situações de vida, aposentar-se não é tão difícil assim. Por praticarem um hobby, por exemplo, andar de barco, competir em regatas, viajar, ou jogar futebol com os amigos e depois ficar “jogando conversa fora”.

Aquelas que sabem aproveitar o tempo livre para fazer alguma atividade esportiva, caminhar, apreciar a natureza, ou um bom vinho, se sentem mais seguras na hora da aposentadoria, pois tem mil coisas para fazer no tempo livre.

Muitas participam de grupos religiosos e com a aposentadoria podem dedicar-se mais tempo, desenvolvendo outros projetos comunitários. Participar de ONGs, em programas sociais, pode ser outra forma de se sentir útil e se envolver após a aposentadoria.

Aposentar-se significa usufruir o tempo livre, aliás essa expressão foi criada justamente para significar isto: tempo “livre do trabalho”. Que bom! O que sempre sonhei, tempo livre para fazer o que eu quiser, sem dar satisfação para ninguém. Mas não é bem assim, muitas vezes não sabemos, afinal, o que gostaríamos de fazer nesse tempo livre. Nunca nos dedicamos a outras atividades além do trabalho. Nem sabemos bem aquilo que gostaríamos de fazer! Será que nos conhecemos bem? Quem somos, o que é mais importante para nós? O que gostaríamos de fazer?

Afinal, por que será tão difícil aproveitar o tempo livre? Não seria este o nosso maior desejo, o que sempre almejamos, poder fazer todas aquelas coisas que sempre sonhamos mas nunca tínhamos o tempo suficiente?

Sempre o trabalho era mais importante, nos chamando para jornadas extras, finais de semana, à noite, viagens de negócios etc. e tal. Precisávamos ganhar mais dinheiro, para adquirir as coisas, comprar a casa própria, o carro, pagar os estudos das crianças, e a faculdade dos filhos. E agora?! Precisamos é curtir esse tempo livre!

Trabalhar significa ficar de 40 a 60 horas ocupado durante a semana. 40 horas seria a jornada normal de trabalho, embora muitas pessoas estejam envolvidas muito mais horas por semana, e algumas até nos fins de semana.

Então, o que fazer com todo esse tempo livre, agora aposentado? É preciso se preparar, discutindo com os amigos na mesma situação e principalmente com a família, pois estaremos “voltando para casa”, permanecendo mais tempo em casa, conviveremos mais tempo com nossos filhos e familiares. Como será esta nova vida?!

O lado ruim da aposentadoria – a perda da identidade e do status profissional

O lado mais difícil de encarar a aposentadoria está ligado a questão da nossa identidade profissional. Nosso trabalho passa a fazer parte da nossa identidade, somos a nossa profissão.

Por exemplo, os policiais quando iniciam seus trabalhos recebem uma Carteira de Identidade profissional de Policial e fazem um juramento no qual prometem serem policiais 24 horas! Em qualquer situação, onde seja necessário um policial, se eles estiverem por perto, serão chamados a intervir e deverão comparecer. Eles são literalmente policiais 24 horas por dia, 7 dias por semana. Ao se aposentarem, recebem uma nova Carteira de Identidade, mas dessa vez de inativo, significa que eles não serão mais policias, nunca mais! Como é difícil perder a identidade de uma hora para a outra. Por isso, a importância de um trabalho psicológico para auxiliar as pessoas a se aposentarem sem perderem a sua identidade, pois continuam sendo elas mesmas, a pessoa que sempre foram, em sua família, com seus amigos. Perderam sim a condição de policiais, mas continuam com a sua identidade pessoal.

Alguns adoecem por não aceitarem essa nova situação, de perda do status social, da admiração das pessoas em geral. Muitos dirigiam um grupo de pessoas, tinham poder e eram respeitados em suas decisões. Voltam para casa e quem eles vão dirigir, dar ordens? Quem está em casa? Alguns encontram a esposa no lar, outros não, pois esta continua trabalhando, e os filhos estão estudando ou trabalhando e passam fora de casa o dia todo! O que ele vai fazer? Podem até adoecer! Por isto é importante se preparar para este momento, buscando novas atividades, interesses antigos podem ser colocados em prática.

Algumas vezes a pessoa não se conhece muito bem, nunca parou para pensar em outras coisas além do trabalho, não sabe do que gosta, quais atividades ou fazeres lhe dão prazer em fazer, nunca parou para pensar em si mesmo, sempre se ocupou do trabalho. É chegada a hora de parar e pensar em si mesmo.


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